Acordei suando, de novo. Mais uma vez eu sonhei com aquele garoto. Aquele garoto, que eu não sabia quem era e não tinha ideia de como veio parar no meu subconsiente.
Era estranho. Nos meus sonhos, ele aparecia sempre na mesma posição, olhava pra mim, como se esperasse alguma coisa. Uma das mão ficava no bolso, não a tirava nunca. Eu corria desesperadamente atrás dele, mas eu não saia do lugar... não avançava nem retornava, apenas corria em uma esteira imaginária, tentando alcançá-lo. Por mais que eu tentasse, não conseguia me mover, então ele sumia e eu acordava sempre à 1 hora e 13 minutos.
Mas, afinal, não devia ser nada, muitas pessoas tem sempre o mesmo sonho. Voltei a dormir e só acordei novamente de manhã. Como de costume, me arrumei e fui para escola a pé, claro.
Fui pelo caminho mais curto, como normalmente faço, passei pela padaria Dona Lurdinha, pela papelaria Galo e pelo supermercado Bom Gosto, mas este ultimo sempre me chamava a atenção, não o supermercado em si mas o caminho ao lado. Nunca o havia seguido para ver aonde dava, mas sempre tive curiosidade. Não sei por quê mas hoje especialmente o fiz, eu iria matar aula mais e daí?
O caminho de longe parecia seguro e amplo, mas depois foi tomando mais a característica de uma trilha, pensei em voltar mas decidi avançar. A trilha começou a ficar mais fechada mas eu continuava...
De repente, ouvi um som, uma música, ela vinha de um lugar que se destacava do restante da floresta em que a trilha tinha me metido. Era como uma clareira, com apenas uma pedra no centro uma pedra grande o suficiente para servir de banco. Passei os olhos em tudo e nada me despertou lembrança alguma, até que eu vi quem estava sentado na pedra. Era ele!
O garoto que me acordava todas as noites, moreno com rosto perfeito, ele era mais alto do que eu, tinha lindos olhos castanhos e brilhantes, exibia um sorriso tímido no rosto.
- Oi. - disse, tímido - Deve me reconhecer de algum lugar. Sou Bruno.
Eu não conseguia acreditar, o garoto dos meus sonhos na minha frente! Eu fiquei paralisada, sentia dentro de mim um aperto forte no coração, sentia-me feliz, acima de tudo, como se esperasse por aquele momento a minha vida toda, olhei para baixo timidamente e vi meu relógio.
1 hora e 13 minutos... O susto foi tamanho que dei um pulo para trás, percebi que ele tinha sumido!
No seu lugar, apenas uma lápide no chão, cheguei mais perto, gelada de medo, e li os dizeres que eu mais temia: "Bruno J., 15 anos. Descanse em paz.". Desmaiei.
Acordei no meu quarto, era outro dia, de manhã, logo pensei que era tudo um sonho, outro daqueles estranhos que eu tinha.
Na escola, sentei-me na classe, quieta.
- Temos um novo aluno - disse a professora. - Por que não diz seu nome para a classe?
- Meu nome é Bruno J. - ele disse, com a mão no bolso.
Texto retirado da revista: Capricho
Texto feito por: Valentina Peccin.
Modificado por: Srtª Pepsi
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